8 de março de 2016

As Mulheres na Sociedade Coreana: Um panorama socioeconômico

Dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, e antes de flores e doces, é um dia de reflexão sobre o papel da mulher no mundo atual.

A Coreia do Sul celebrou a data pela primeira vez em 1920, mas vários foram os impedimentos para celebrar o Dia da Mulher, só voltando a acontecer em 1985. O país tem o que festejar, sendo a primeira nação a reverter à preferência de filhos sobre as filhas, mas também tem muito a avançar na política de igualdade de gênero.

O genocídio devido ao gênero (gendercide em inglês) do bebê é algo comum em países como a Índia e a China, e foi recorrente na Coreia há duas décadas. Com a introdução da ultrassonografia pré-natal disponível em clínicas de aborto, as preferências culturais e econômicas por filhos homens eram evidentes. Mas esses percentuais foram revertidos e os níveis estão atualmente próximos da média mundial (105 meninos para 100 meninas). Essa mudança também se deve ao governo sul-coreano que fez a campanha “Ame sua Filha”.

Outros pontos foram positivos para as mulheres coreanas, as taxas de matrículas por mulheres em universidade aumentou e eles elegeram a primeira presidente do país.

Park Geun-hye em seu discurso de posse, 2013.
Primeira presidente do sexo feminino na Coreia do Sul.

Apesar disso, a sociedade coreana é fortemente patriarcal, com os salários das mulheres, se comparados ao dos homens, entre os mais baixos da Ásia. E por conta de tais disparidades surgiram grupos como o Korean Women’s Association United (KWAU), que tem contribuído para a promulgação da Lei de Prevenção e Proteção do Tráfico Sexual, outros direitos das mulheres e políticas de gênero.

O grupo KWAU aponta que a administração da atual presidente Park Geun-Hye e seu programa "Happy Pension" não é o bastante para cobrir a aposentadoria, nem eliminar o problema do trabalho irregular ou de baixa renda que a maioria das mulheres estão submetidas. E ainda frisam: “As mulheres ainda não estão livres de perigos do assédio sexual, violência sexual, prostituição e violência doméstica”.

Pobreza
Taxa de participação das mulheres na economia da Coreia do Sul é de 49,7%, significativamente menor do que a média de 64% da OECD dos estados membros.

Coreia do Sul tem a maior diferença salarial entre os países da OCDE. 2,6 vezes maior que a média de 15% da OECD, com 38,9%.

Quer mais alguns dados? Entre os trabalhadores que recebem menos que o salário mínimo, 61,5% são mulheres. 61,8% das mulheres trabalhadoras são irregulares, superando os homens em 1,5 vezes. As mulheres não conseguem encontrar bons trabalhos, sendo colocadas em más condições de trabalho e/ou ambiente. Além disso, muitas não recebem benefícios sociais para protegê-las.

Violência
Estima-se que ocorrem na Coreia do Sul 200.000 casos de violência sexual, sendo apenas 10% relatado. A taxa de acusação não ultrapassou 41% e destes apenas 1,2% dos julgados foram condenados. Assustador não é? Nada muito diferente da violência física, dos 53,8% dos casos de maus-tratos, apenas 8,3% foram reportados as autoridades. Na Coreia ainda se vê a violência sexual como algo pessoal e as políticas de prevenção e proteção às vítimas não são bem aplicadas.

Negligência e Discriminação
Mães solteiras, idosas e mães de produção independente estão se tornando cada vez mais chefes da família, porém continuam a ter pequena taxa de emprego e muitas vezes empregos de baixa renda. Apenas 58,4% de famílias que tem mulheres como chefes estão empregadas, em comparação as 85,3% das famílias que possuem homens como chefes. Além de normalmente ganhar metade dos que os homens nessa posição ganham.

Mulheres imigrantes, com deficiência e LGBTs enfrentam a discriminação social e no emprego, e não costumam ter segurança e sustento seguro.


O que fazer pra mudar esse quadro? São vários os passos a serem dados, uma mudança política e social é necessária, dar oportunidade para trabalhos regulares, diminuir (e acabar) com a lacuna salarial, programas de educação sobre a violência sexual e punições efetivas, garantia de segurança para mulheres em grupos de minoria e inclusão social são alguns dos pontos apresentados pelo site International Women’s Day em seu “9 Projetos para Criar uma Sociedade sem Pobreza e Violência Contra a Mulher”.
Confira a lista completa aqui
  
*Os dados apresentados neste artigo são de 2013.

Não retirar sem devidos créditos.
Por Amanda Carolina
Fontes: International Women’s Day, The Christian Science Monitor
Imagens: International Women’s Day, Wikipédia

4 comentários:

  1. Excelente matéria! Parabéns!!!
    Ótima maneira de abrir os olhos para os fãs da Coreia do Sul, ela é bem mais do que doramas, kpop e afins. Ela é bem mais obscura do que aparenta.

    Novamente, parabéns pela matéria!!!! ♥

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    1. Olá! Ficamos feliz com seu feedback.
      Creio que nosso maior compromisso é mostrar sobre a Coreia, as partes boas e ruins, afinal é debatendo os problemas que se prevê soluções. Desejamos muita força para essas mulheres!
      Obrigada pelos elogios <3

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  2. Amanda, gostaria de ter lido esse ótimo texto antes, teria me ajudado muito na pesquisa que fiz para analisar o feminismo na Coreia do Sul, a partir do k-drama Oh My Venus. O resultado você pode conferir aqui: https://goo.gl/CL5Qyz

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    1. Mesmo assim fez um ótimo trabalho, inclusive postamos sua matéria na nossa página do facebook, viu? Um dia antes do comentário, que coincidência. Adoramos esse tipo de análise.
      Obrigada pelo comentário!

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