Dia 8 de março é celebrado o
Dia Internacional da Mulher, e antes de flores e doces, é um dia de reflexão
sobre o papel da mulher no mundo atual.
A Coreia do Sul celebrou a
data pela primeira vez em 1920, mas vários foram os impedimentos para celebrar
o Dia da Mulher, só voltando a acontecer em 1985. O país tem o que festejar,
sendo a primeira nação a reverter à preferência de filhos sobre as filhas, mas
também tem muito a avançar na política de igualdade de gênero.
O genocídio devido ao gênero
(gendercide em inglês) do bebê é algo
comum em países como a Índia e a China, e foi recorrente na Coreia há duas
décadas. Com a introdução da ultrassonografia pré-natal disponível em clínicas
de aborto, as preferências culturais e econômicas por filhos homens eram evidentes. Mas
esses percentuais foram revertidos e os níveis estão atualmente próximos da
média mundial (105 meninos para 100 meninas). Essa mudança também se deve ao
governo sul-coreano que fez a campanha “Ame sua Filha”.
Outros pontos foram
positivos para as mulheres coreanas, as taxas de matrículas por mulheres em
universidade aumentou e eles elegeram a primeira presidente do país.
Park Geun-hye em seu discurso de posse, 2013.
Primeira presidente do sexo feminino na Coreia do Sul.
Apesar disso, a sociedade
coreana é fortemente patriarcal, com os salários das mulheres, se comparados ao
dos homens, entre os mais baixos da Ásia. E por conta de tais disparidades
surgiram grupos como o Korean Women’s
Association United (KWAU), que tem contribuído para a promulgação da Lei de
Prevenção e Proteção do Tráfico Sexual, outros direitos das mulheres e
políticas de gênero.
O grupo KWAU aponta que a
administração da atual presidente Park Geun-Hye e seu programa "Happy
Pension" não é o bastante para cobrir a aposentadoria, nem eliminar o
problema do trabalho irregular ou de baixa renda que a maioria das mulheres estão
submetidas. E ainda frisam: “As mulheres ainda não estão livres de perigos do
assédio sexual, violência sexual, prostituição e violência doméstica”.
Pobreza
Taxa
de participação das mulheres na economia da Coreia do Sul é de 49,7%, significativamente
menor do que a média de 64% da OECD dos estados membros.
Coreia
do Sul tem a maior diferença salarial entre os países da OCDE. 2,6 vezes maior
que a média de 15% da OECD, com 38,9%.
Quer mais alguns dados? Entre
os trabalhadores que recebem menos que o salário mínimo, 61,5% são mulheres. 61,8%
das mulheres trabalhadoras são irregulares, superando os homens em 1,5 vezes.
As mulheres não conseguem encontrar bons trabalhos, sendo colocadas em más
condições de trabalho e/ou ambiente. Além disso, muitas não recebem benefícios
sociais para protegê-las.
Violência
Estima-se que ocorrem na
Coreia do Sul 200.000 casos de violência sexual, sendo apenas 10% relatado. A
taxa de acusação não ultrapassou 41% e destes apenas 1,2% dos julgados foram
condenados. Assustador não é? Nada muito diferente da violência física, dos 53,8% dos casos de maus-tratos, apenas 8,3% foram reportados as autoridades. Na
Coreia ainda se vê a violência sexual como algo pessoal e as políticas de
prevenção e proteção às vítimas não são bem aplicadas.
Negligência
e Discriminação
Mães solteiras, idosas e mães
de produção independente estão se tornando cada vez mais chefes da família,
porém continuam a ter pequena taxa de emprego e muitas vezes empregos de baixa
renda. Apenas 58,4% de famílias que tem mulheres como chefes estão empregadas,
em comparação as 85,3% das famílias que possuem homens como chefes. Além de
normalmente ganhar metade dos que os homens nessa posição ganham.
Mulheres imigrantes, com deficiência e LGBTs enfrentam a discriminação social e no emprego, e não costumam ter segurança e sustento seguro. |
O que fazer pra mudar esse
quadro? São vários os passos a serem dados, uma mudança política e social é
necessária, dar oportunidade para trabalhos regulares, diminuir (e acabar) com
a lacuna salarial, programas de educação sobre a violência sexual e punições
efetivas, garantia de segurança para mulheres em grupos de minoria e inclusão
social são alguns dos pontos apresentados pelo site International Women’s Day em seu “9 Projetos para Criar uma Sociedade
sem Pobreza e Violência Contra a Mulher”.
Confira a lista completa aqui.
Confira a lista completa aqui.
*Os dados apresentados
neste artigo são de 2013.
Não
retirar sem devidos créditos.
Por
Amanda Carolina
Fontes:
International Women’s Day, The Christian Science Monitor
Imagens: International Women’s
Day, Wikipédia
Excelente matéria! Parabéns!!!
ResponderExcluirÓtima maneira de abrir os olhos para os fãs da Coreia do Sul, ela é bem mais do que doramas, kpop e afins. Ela é bem mais obscura do que aparenta.
Novamente, parabéns pela matéria!!!! ♥
Olá! Ficamos feliz com seu feedback.
ExcluirCreio que nosso maior compromisso é mostrar sobre a Coreia, as partes boas e ruins, afinal é debatendo os problemas que se prevê soluções. Desejamos muita força para essas mulheres!
Obrigada pelos elogios <3
Amanda, gostaria de ter lido esse ótimo texto antes, teria me ajudado muito na pesquisa que fiz para analisar o feminismo na Coreia do Sul, a partir do k-drama Oh My Venus. O resultado você pode conferir aqui: https://goo.gl/CL5Qyz
ResponderExcluirMesmo assim fez um ótimo trabalho, inclusive postamos sua matéria na nossa página do facebook, viu? Um dia antes do comentário, que coincidência. Adoramos esse tipo de análise.
ExcluirObrigada pelo comentário!