Neste mês é comemorado a resistência coreana ao governo japonês. Para entendermos a importância da data, precisamos nos contextualizar historicamente e então perceber que no dia primeiro de março e durante todo o mês, os coreanos festejam a liberdade!
A História
Durante o início do século XX, o munda acabara de sair da primeira
guerra mundial e o colonialismo assombrava povos de nações menos desenvolvidas
com a agressiva expansão de nações europeias ao redor do globo. Mas não só
nações europeias colonizaram outros países, o Japão também teve seu pedaço
nesse período da história.
Enquanto a China sofria com invasões de diversas nações europeias que a
forçavam a abrir para o comércio com nações industriais, o Japão permanecia
ainda isolado, com pouco contato exterior e sob o domínio dos Xoguns. O país só
mantinha laços comerciais com portugueses e com holandeses. O xogunato ainda era
do clã Tokugawa, e o Japão ainda vivia sob tempos que a Europa já havia
abandonado: O feudalismo.
Com a chegada de navios americanos aos portos japoneses, os forçando a abrir, não restou outra saída: ou negociavam com as nações ocidentais, ou
tinham o mesmo destino que a China.
Com a abertura dos portos, em algumas décadas o Japão conseguiu se
modernizar de forma tão rápida que isso impressionou até os ocidentais daquele
tempo. E depois de longos séculos, o imperador voltava a ter poderes no país
(antes o imperador era somente uma figura decorativa e quem realmente governava
eram os xoguns).
Com a industrialização do país começou a surgir um problema: falta de
recursos naturais. O arquipélago japonês, embora montanhoso e com vários
vulcões, é pobre em recursos naturais. E é aqui que entra a Península Coreana
na história.
Por anos, os japoneses tinham como intenção tomar a Coreia da esfera de
influência chinesa, e em muitas vezes não conseguiu bons resultados. Nesse
ponto, com a China enfraquecida e o Japão tecnologicamente avançado, a Coreia
poderia finalmente ser anexada ao Império Japonês.
Tentativa japonesa de invasão
ao forte de Busanjin
No final do século XIX o Japão fez o rei coreano assinar uma série de
tratados, que traziam uma série de desvantagens
para o país e o submetiam a influência japonesa.
A Coreia (então auto-intitulada Joseon) se reorganiza numa tentativa de
se fortalecer frente aos japoneses e se modernizar. Foi então que o país se tornou império. No entanto, isso não mudou muito as relações
nipo-coreanas quando, em 1910, morre o imperador coreano Sunjong e os japoneses
finalmente tomam controle do país.
Durante todo o processo gradual de anexação da Coreia pelo Japão, parte
da população formou uma resistência para lutar contra a tirania do domínio
japonês.
Jornal da época com a manchete
‘A Revolução Continua: A Coreia demanda o reconhecimento de Independência’
Seguindo os "Quatorze Pontos de Wilson", a resistência coreana tentava
mostrar à comunidade internacional que o país não pertencia ao Japão e que não
se sentiam parte do Império Japonês, partindo do ponto de autodeterminação dos
povos.
Em Primeiro de Março de 1919, o primeiro ato de resistência acontecem e
ficou conhecido como "Movimento Samil" (삼일이동). O nome é em alusão a data
01/03 (em coreano 3월1일), na qual aconteceram as manifestações. O ato foi a primeira demonstração de resistência em grande escala no
país e foi marcado também pelo grito de "Vida Longa à Coreia!" (Daehan Minguk Manse!).
Adaptações para a TV
Esse período da história também inspirou o drama
"Bridal Mask" (em coreano: 각시탈).
Poster de Divulgação de
‘Bridal Mask’
O drama se passa entre os anos de
1919, até o fim da segunda guerra em 1946, com a liberação da Coreia. Conta a
historia de um oficial da policia, Lee Kang-to (Joo won) e seus conflitos
familiares e pessoais, que o levam a se tornar em um herói e inspiração da
resistência.
‘Lee Kang-to/Sato Hiroshi como ‘Bridal
Mask’’
Lee Kang-to, um policial pró-Japão, teve uma infância pobre, morando nas favelas de Seul. Ele se vê no meio de um conflito familiar, pois seu irmão, que tinha feito parte da resistência, fora capturado e torturado até se tornar senil. Kang-to então resolve se unir aos algozes de seu irmão, numa tentativa de melhorar as condições de vida de sua família, mas a ação acabou sendo mal vista por todos em sua volta. Quando em sua ira para capturar o justiceiro "Bridal Mask", ele acaba descobrindo de maneira dolorosa a identidade do herói local.
Com essa dor, Kang-to (agora sob o nome de Sato Hiroshi) decide
assumir o lugar do justiceiro, e então vive uma vida dupla: de um lado
demonstra apoiar a dominação japonesa e de outro ajuda a resistência a
desmontar os japoneses dentro da Coreia.
A data
As demonstrações de resistência no mês de março foram de grande
importância para a afirmação dos coreanos como povo e da Coreia como país.
Durante todo o período japonês na península coreana, demonstrações contra o
governo japonês eram fortemente reprimidas e atos como esse fundamentaram o
nacionalismo coreano, que levou então à fundação de dois estados distintos após
o fim da Segunda Guerra.
O dia ‘Primeiro de Março’ na Coreia do Sul é um feriado nacional, feito
para lembrar aqueles que lutaram pela liberdade do país frente ao Japão.
Por Caio Augusto
Não retirar sem devidos créditos
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